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  • MATRIX
    segunda-feira, abril 17, 2006

    O filme Matrix sob o enfoque orientalista da teosofia
    Projeto Outros Olhos
    Sociedade de Estudos Teosóficos

    Os iniciados sabem que existem sete arquétipos básicos, que se desdobram numa variedade de subtipos. Quando um autor elabora uma obra de sucesso que se torna um clássico atemporal, geralmente lança mão de pelo menos um dos vários subtipos que compõem os arquétipos originais.
    Essa referência aos arquétipos que ocorre em algumas obras é um recurso utilizado de forma consciente ou inconsciente por alguns autores, e atinge o inconsciente coletivo do público, tornando as obras em questão verdadeiros clássicos de sucesso, sejam elas filmes, livros, músicas, etc. O trabalho de hoje visa familiarizar o buscador com esta linguagem simbólica que lhe permitirá o acesso a uma das redes de informações iniciáticas atualmente existente. O Projeto Outros Olhos, mais do que um evento social, é uma tentativa de familiarizar os irmãos com essa linguagem simbólica, um verdadeiro trabalho de introdução ao simbolismo através da análise cinematográfica, para que "ouvindo possam ouvir e vendo possam ver".
    Análise do filme Matrix
    Esse filme é o que se pode chamar de uma revelação, no sentido de re-velar, ou seja, velar de novo, apresentando antigos ensinamentos numa linguagem nova, utilizando para isso, com uma certa mistificação, o elemento tecnológico do mundo moderno: a Internet.
    Dessa forma, através de uma nova contextualização, o filme resgata para nossa civilização, de uma forma alegorizada, verdades universais contidas, por exemplo, no Tao Te King, no Bhagavad-Gita e em todos os Vedas; verdades, enfim, que de outro modo se perderiam, se não encontrássemos uma linguagem que nos permitisse comunicá-las às novas gerações.
    Nele, fica nítido que um dos arquétipos, o do herói mitológico - muito utilizado na época do Jesus bíblico, geralmente associado a determinados imperadores, heróis ou semideuses -, permeia toda a trama. No caso em questão, o arquétipo utilizado é o do messias, ou ungido, que podemos resumir da seguinte forma: Um redentor esperado, de nascimento virginal; a traição por parte de um de seus companheiros; a luta contra as forças do mal; a morte e a ressurreição; e, finalmente, a ascensão aos céus.
    O filme analisado hoje começa com Trinity, a iniciadora, em conexão com o mundo real através de uma linha telefônica, no Heart O'The City Hotel. Essa linha, do ponto de vista simbólico, equivale à vibração do Anahata, ou chacra cardíaco, que nos permite, uma vez ativado, sintonizar nossa consciência com nosso átomo primordial. No atual estado evolutivo da humanidade, esse chacra só pode ser dinamizado pelo elemento feminino.
    O número que vemos em exposição na tela do computador manipulado pelo personagem Trinity é 506: equivale ao Arcano 11 (5 + 0 + 6 = 11), ou seja, a lâmina da força. Nessa lâmina do tarô, vemos uma mulher abrindo, com as mãos nuas, a boca de um leão. No filme, Trinity representa a shakti, a força que penetrando no chacra cardíaco do iniciado, promove a consciência.
    O ser que está na senda iniciática, representado pelo personagem principal, utiliza um pseudônimo, o equivalente ao nome secreto empregado em algumas escolas. Neo, lido anagramaticamente, equivale a Noé, One (um), ou Eon (que em grego significa ciclo, era ou período), simbolizando a ligação desse personagem com um novo começo, algo novo, uma nova era.
    Ele, Neo, recebe a primeira instrução de sua iniciadora, Trinity, que lhe diz, como se estalasse os dedos, "Acorde, Neo!", da mesma maneira que os iniciadores repetem isso aos discípulos, durante toda a sua jornada na senda.
    O personagem principal do filme, como todos os outros que se iluminaram antes dele, procurava a resposta para nas palavras de Trinity, "A pergunta que nos impulsiona".
    Quando finalmente trava contato com Morfeu, seu mestre, este diz a Neo que "há duas formas de sair daí: uma é pelo andaime, outra é levado por eles"; ou seja, uma vez que o indivíduo desperta para as leis ocultas que determinam os acontecimentos nos planos da manifestação, elevando sua consciência a um nível superior ao das pessoas comuns, só há duas maneiras dele continuar seu desenvolvimento: uma é subindo, outra é capturado pelas forças que representam os processos personalísticos que nos controlam.
    Neo hesita, devido a seu medo e desconfiança, gerados pelo sentimento de autopreservação, e acaba capturado pelos elementos personalísticos.
    Mais tarde vemos Neo de volta a sua vida comum, supostamente liberto, sendo levado ao encontro de Morfeu, para sua iniciação. Porém, antes dele entrar no vestíbulo onde o mestre o espera, Trinity, a iniciada que o guia - como uma Ariadne que guiou Teseu no labirinto de Creta -, lhe dá um conselho semelhante ao que é dado a todo discípulo em prova: "Seja sincero. Ele sabe mais do que você imagina". Só então ela lhe abre a porta da sala onde o mestre o espera.
    Durante o diálogo que se segue, Morfeu observa que ele, Neo, é "um homem que aceita o que vê". Entendemos melhor essa afirmação quando consideramos que o nome "real" do personagem Neo no filme é Thomas A. Anderson: Thomas é equivalente a Tomás ou Tomé, demonstrando o relacionamento do personagem a são Tomé, o apóstolo que precisava ver para crer.
    Vale notar que o sistema iniciático adotado por Morfeu se relaciona, na sua forma extremamente simples e objetiva, à iniciação mental praticada nas escolas em sintonia com o atual estado de consciência da humanidade (focado mental concreto); escolas que, portanto, não trabalham mais com o sistema de iniciação astral, ou fenomênico, utilizada em escolas mais primitivas.
    Morfeu ensina a Neo sobre a Matrix (Ma = m = maya, que significa ilusão em sânscrito e Trix = Tri = Três). Matrix tem o mesmo significado das tradicionais Três Mayas, Três Véus, ou Três Ilusões - a ilusão física, a ilusão psíquica e a ilusão espiritual – que, segundo o hinduismo, ocultam a realidade.
    Ele, o mestre, apresenta seus ensinamentos na forma de questões do tipo "Você deseja saber o que ela é?". Ao receber resposta afirmativa de Neo, continua: "A Matrix está em todo lugar. A nossa volta. Mesmo agora, nesta sala. Você pode vê-la quando olha pela janela, ou quando liga sua televisão. Você a sente quando vai para o trabalho, quando vai a igreja, quando paga seus impostos. É o mundo colocado diante dos seus olhos para que não veja a verdade…"
    Ao questionamento seguinte do discípulo (Neo), sobre o que é a verdade, ele continua implacavelmente, dizendo que a verdade é "Que você é um escravo. Como todo mundo, você nasceu num cativeiro, nasceu numa prisão que não consegue sentir ou tocar. Uma prisão para sua mente. Infelizmente é impossível dizer o que é a Matrix (ou a maya). Você tem de ver por si mesmo". Nesse momento, então, ele oferece a Neo uma pílula azul, para conservar o sonho (a maya), e outra vermelha, para mudar sua percepção da realidade. A cor da primeira pílula, o azul, é associada ao conservadorismo, no mesmo sentido de sangue real, ou azul das antigas monarquias européias. A cor da segunda é vermelha, relacionada às transformações revolucionárias violentas, associada a mudanças radicais. Morfeu, o mestre, tem a chave que abre as portas para o real; mas Neo, o discípulo, tem que fazer a escolha.
    Durante a iniciação ele morrerá para o mundo de sonhos e nascerá para o mundo real, despertando plenamente para a verdadeira natureza - do mundo físico, do mundo psíquico e do mundo espiritual -, compreendendo dessa forma a tríplice natureza unitária da realidade. Para entendermos melhor o que ocorre com Neo a partir daí, é importante considerarmos o que é dito no Bhagavad-Gita, por Sri Krishna, quando se dirige a seu discípulo Arjuna e lhe diz: "Ó Arjuna, o Senhor Supremo está situado no coração de todo mundo, e dirige as divagações (os sonhos) de todas as entidades vivas, que estão sentadas como numa máquina, feita de energia material". (Bhagavad-Gita como ele é, texto 61, capítulo 18, pág. 706. - A. C. B. Swami Prabhupada.)
    No filme, já no mundo real, a bordo do Nabucodonosor, observamos a analogia com a lei que afirma que são necessários sete discípulos para formar um mestre. Vemos os personagens Trinity, Apoc, Switch, Dozer, Tank, Mouse e Cypher como os sete discípulos que têm, como representante da consciência do mestre, a figura do líder Morfeu, ou Morpheus (personagem mitológico, deus do sono grego).
    Na nave, ou arca, chamada no filme de Nabucodonosor, percebemos a referência ao ano 2069, correspondente ao Arcano 17 (2 + 0 + 6 + 9 = 17), a Estrela, símbolo relacionado à egrégora da Obra, em que estão empenhados esses divinos rebeldes.
    Avançando um pouco mais, vemos que na segunda parte da iniciação de Neo, Morfeu lhe informa que no começo do século 21, número que no tarô iniciático de JHS, corresponde à lâmina do Louco, os homens criaram a I. A. (Inteligência Artificial), um tipo de consciência singular, que gerou uma raça inteira de máquinas, ou de seres mecanizados. (Bem semelhante ao que acontece em nossos dias, quando os seres humanos vão sendo "robotizados" - num processo de massificação que antigamente era chamado “costume”, mas que na atualidade tem o nome de “moda” – e vão se tornando cada vez mais inconscientes, num mundo dominado por padrões de comportamento.)
    Segundo Morfeu, encantados com sua própria grandeza, os homens celebravam sua realização. Porém, na guerra que adveio após tal sucesso, eles queimaram o céu, ou seja, fecharam as portas para as energias solares, positivas, transformando o mundo num deserto tecnológico de trevas, sem Deus, onde os seres mecânicos se tornaram os senhores.
    Da era de ouro, porém, só restou Sião, "a última cidade humana". Sião, ou Sinai, é, na tradição judaica, o monte sagrado onde Moisés teria recebido as Tábuas da Lei do próprio Deus.
    Segundo o personagem Tank, Sião fica localizada nas entranhas da Terra, próximo ao seu núcleo incandescente, o sol central do planeta - relacionando-se claramente, assim, aos mistérios dos mundos subterrâneos, especificamente à cidade subterrânea de Shamballa (Sião = S = Shangrilla, Shamballa, das tradições transhimalaianas). Shamballa é um núcleo de integração de consciências espirituais elevadíssimas, que vibra no interior da Terra, representado alegoricamente como uma cidade. Dessa forma, Sião representaria o lugar onde realmente somos o que somos e do qual fomos enviados à face da terra onde, ainda conforme o personagem Tank, será festejado o fim da guerra maniqueísta entre os filhos da luz e os filhos das trevas, representados pelos homens e pelas máquinas.
    Só o líder, ou o mestre, de cada nave, ou arca, recebe as senhas, ou as chaves, para penetrar em Sião. Assim, Morfeu é também um pontífice (pontifex = construtor de ponte), construindo a ponte entre o mundo ilusório e o mundo real, entre Matrix e Sião.
    Já na terceira fase do processo iniciático (treinamento) a que Morfeu submete seu discípulo, ele declara a Neo: "Quero libertar sua mente, Neo. Mas só posso lhe mostrar a porta. Você tem de atravessá-la".
    Apesar de Morfeu declarar, no filme, que os seres humanos não estão prontos para "acordar", isso não faz das pessoas adormecidas inimigas. Suas palavras contundentes expõem o que é dito nos Vedas, quando os sábios afirmam que todos - pais, mães, irmãos, avôs, avós, amigos, namorados, cônjuges, etc. - são "soldados ilusórios" que promovem nosso apego à maya. Enquanto adormecidos, os seres humanos fazem parte do "sistema ilusório" - possuem, portanto, em sua estrutura, processos personalísticos que eles mesmos desconhecem, mas que tomam conta de sua consciência em algumas ocasiões, para defender seus preconceitos e manter sua existência ilusória. Esses processos personalísticos que nos prendem à ilusão são representados no filme pelos agentes de Matrix, programas sencientes que entram e saem de qualquer software conectado ao sistema deles. Fazendo eco às palavras dos sábios nos Vedas, Morfeu diz que "Qualquer um ainda não libertado, é um agente em potencial de Matrix. Eles são todos e não são ninguém". Os processos personalísticos relacionam-se aos sete pecados capitais: "…eles são os porteiros, protegem todas as portas e tem todas as chaves".


    Às vezes os seres humanos são vencidos por esses agentes de Matrix; alguns até pactuam com eles - como é o caso de Cypher. Ele é aquele que viu a verdade, despertou para a realidade, mas prefere a ilusão e a mentira. Ele, Cypher, diz ter percebido após nove anos (número equivalente aos degraus da escada de Jacó, que simbolicamente leva o homem do mundo terreno ao mundo espiritual), que "A ignorância é maravilhosa". Dessa forma pensam os magos negros, aqueles que fazem a opção por avidya, pela ignorância, que voltam as costas à luz e mergulham voluntariamente na escuridão.
    Os que assim procedem sempre acusam, aos que lhes mostraram o caminho, de fraquezas e incapacidades que eles mesmos possuem. Corroídos pelo ódio, pela luxúria e pela inveja, afirmam terem sido enganados por seus mestres que, quando fazem realmente jus a esse nome, tentaram sempre guiá-los na boa senda. Cypher representa o traidor, que trai a sua própria natureza humana ao submeter-se ao domínio das máquinas. Ele oferece a si mesmo como pasto para as forças negativas que passa a servir, em troca de prazeres ilusórios. Age assim no intuito de satisfazer seus impulsos baixos, suas nidhanas.
    O iniciado, seguidor dos mestres da Grande Fraternidade Branca, até que se torne verdadeiramente um adepto, enquanto estiver encarnado, sentirá os apelos de seus veículos inferiores. Isso ocorre porque, nesse estado, possui ainda elementos básicos a equilibrar e que, por isso mesmo, exigem satisfação. Apesar disso, ele não os nega, mas os transmuta, canalizando-os para realizações reais que o libertem cada vez mais da ilusão de maya, tornando-os elementos impulsionadores de sua evolução. Num determinado ponto do filme, inclusive, um dos membros da tripulação, Mouse, fala com Neo sobre isso, dizendo-lhe que "Negar os nossos impulsos é negar aquilo que faz de nós humanos". Ciente disso, o verdadeiro iniciado é extremamente consciente de seus impulsos, não os recalcando hipocritamente para as regiões do subconsciente, aonde irão se acumulando, como esqueletos no armário, e de onde continuarão a atuar sem nenhum controle, disciplina ou educação, até invadirem, como uma enchente de um rio bravio, a consciência, dominando-a e arrastando-a as maiores perversões. Por isso, o verdadeiro iniciado sabe que deve, como nos ensinou nossa Grã-Mestrina Helena Jeferson de Souza, vigiar seus sentidos, para através de um sistema iniciático sério, de uma disciplina superior, não recalcar, mas trabalhar, transformar suas nidhanas, ou tendências negativas, em skandhas, ou características positivas.
    Num determinado nível dessa etapa da iniciação de Neo, Morfeu o conduz até o Oráculo. Vemos que a entrada do elevador é guardada por um cego que vê. Ele, o cego, que responde ao sinal que Morfeu lhe faz com a cabeça, representa os iniciados, guardiões da luz, cegos para o mundo ilusório, mas iluminados para a realidade. Já dentro do elevador, o mestre diz então a Neo, para tentar "não pensar em termos de certo e errado", pois para os que chegam ao Oráculo, certo e errado, bem e mal, feio e bonito, todos os pares de opostos se anulam. Às portas do Oráculo, Morfeu, o mestre, diz ao seu discípulo: "Só posso lhe mostrar a porta. Você tem de atravessá-la", indicando assim que cada passo do discípulo em prova é dado por sua própria conta, pois na senda da iluminação ninguém caminhará ou tomará as decisões por ele.
    Porém, quando Neo coloca a mão na maçaneta da porta, esta lhe é aberta, mais uma vez por uma sacerdotisa. Essa atuação constante do elemento feminino demonstra a necessidade da interação dinâmica de ambas as polaridades humanas, de acordo com certas regras esotéricas.
    Assim, macho e fêmea interagem ciclicamente no processo iniciático de crescimento espiritual, através do entrelaçamento das forças de fohat e kundalini. Ao se integrarem dessa forma, ambas as energias dão origem ao Andrógino Divino, um ser verdadeiramente equilibrado, mas que conserva as características do corpo que ocupa: se masculino, vive e relaciona-se como homem; se feminino, vive e relaciona-se como mulher, podendo em alguns casos fazer opção pelo brahmacharya, ou voto de castidade. O resultado da integração dinâmica das polaridades cósmicas, é totalmente diferente das expressões caóticas homossexuais ou bissexuais, dois tipos que representam seres decaídos, em oposição ao Andrógino Divino, que é a perfeição evolutiva humana.
    Já dentro da sala do Oráculo, Neo encontra várias crianças, especialmente um menino, uma espécie de pequeno monge, do qual aprende alguns mistérios sobre esse mundo ilusório, num episódio que lembra bem aquela passagem bíblica em que o Cristo bíblico ensina que “aquele que não se tornar como estas crianças, não entrará no reino dos céus”. Dentro do Oráculo, uma cozinha, onde a pitonisa, ou profetisa (novamente uma mulher), manipulando um forno moderno, quebra as expectativas do discípulo. A cozinha nos faz lembrar o laboratório dos alquimistas e o forno o athanor, ou forno utilizado pelos alquimistas, adeptos da Arte Real.
    Num determinado ponto da conversa de Neo com a profetiza, esta lhe cita o célebre axioma socrático, "Conhece-te a ti mesmo", inscrito no portal de Delfos, que essa etapa do filme representa. Só que às portas do Oráculo de Delfos, as palavras citadas no filme estavam escritas em grego e, de forma mais integral, exortavam: "Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses".
    A mulher que representa a pitonisa do Oráculo lhe afirma, de forma metafórica, que "Ser o escolhido é como estar apaixonado. Ninguém pode lhe dizer se você está. Você simplesmente sabe. Não tem dúvida, nenhuma". Assim, ao lhe falar sobre o escolhido, ela descreve o processo de iluminação avatárica, pois este não é uma coisa que se busca e que se consegue, ou que se fica esperando: ele simplesmente é, como algo que simplesmente acontece. E, nesse ponto do filme, Neo não é o escolhido. A pitonisa afirma que ele tem o dom. Isso, diríamos, nós todos temos, mas ele parece que "está esperando por algo". Quando Neo lhe indaga a respeito do que poderia estar esperando, ela lhe responde: "Sua próxima vida, talvez". Dessa forma, Neo age como a maioria das pessoas, que se iniciam na senda mas protelam para a próxima vida a iluminação, esperando e pensando que “afinal, ela não é para agora; quem sabe, mais tarde…”
    Ao sair do Oráculo, Neo encontra-se com Morfeu e este lhe adverte que "o que foi dito era para você e apenas para você". Assim é com tudo que é comunicado nas verdadeiras iniciações assúricas, com aquilo que é falado do iniciador para o iniciando, de boca-para-ouvido, de maneira sutil e discreta, quase que imperceptivelmente.
    Quando, porém, os agentes de Matrix capturam Morfeu, um representante dos processos internos personalísticos intelectualiza a existência humana e, de forma convincente, compara o desenvolvimento humano sobre a Terra - que na maioria das vezes foi totalmente controlado pela personalidade caótica - a um vírus. Dessa maneira, o agente se coloca como a cura para o mal, que segundo ele é representado pela maior de todas as criações de Deus na Terra, o ser humano - ignorando, entretanto, em seu discurso, o desenvolvimento do espírito humano, capaz dos maiores gestos de sacrifício, altruísmo e fraternidade, única esperança para o planeta. Esse espírito humano, quando plenamente desenvolvido, subjuga a natureza animal e mecânica e converte o homem em expressão de Deus na face da Terra. Esse espírito humano, quer o chamemos Deus, Brahma, Alá, Jeová ou Tao, opõe-se aos processos mecânicos, instintivos e animalescos que controlam os seres ainda inconscientes, atuando de forma a libertar a centelha divina, promovendo o nascimento do Avatar ou, como é expresso no filme, do Escolhido. Vemos isso quando Neo toma a decisão de sacrificar-se, dando-se em holocausto pelo seu amigo e mestre Morfeu.
    Apesar de conhecermos intelectualmente o exposto acima, as esclarecedoras palavras de Morfeu, após ser resgatado, devem ser consideradas: "Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho".
    Num determinado ponto do fim do filme, a personagem Trinity reproduz um dos mais antigos mitos da humanidade ao trazer Neo de volta à vida, fazendo com que ele obtenha sucesso na última e derradeira iniciação conhecida por nós como morte.
    Quase no final do filme, vemos através das palavras do personagem principal que o Avatar não significa um fim, mas o começo de algo novo, ilimitado, sem fronteiras, um novo ciclo, livre de maya, sem ilusão, onde tudo é possível ao ser desperto. Ele se dirige a Matrix, a estrutura geradora da ilusão, declarando-se decidido a "mostrar a essas pessoas o que [Matrix] não quer que elas vejam. Vou mostrar a elas um mundo sem você. Um mundo sem regras, sem controles. Um mundo onde tudo é possível".
    Sua última frase, dirigida a Matrix, a maya, a ilusão, ou, melhor dizendo, se dirigindo àquilo que torna possível esse processo de auto-hipnose, nossa personalidade, pode ser considerada como dirigida a cada um de nós. Ele fala calmamente sobre a decisão que deixa a cada um dos espectadores: "Para onde vamos daqui, é uma escolha que deixo para você".
    O filme termina com Neo saindo do chão e voando, reproduzindo o arquétipo da ascensão, ou da subida aos céus, que simboliza a realização plena do iniciado, já tornado um verdadeiro adepto, por fazer parte agora de outro processo evolutivo, relativo ao desenvolvimento dos deuses.
    Vanessa Bragaglia

    Demetrius Abba
    http://br.groups.yahoo.com/group/Estacao_Palavra/
    posted by iSygrun Woelundr @ 4:55 PM   0 comments
    Basic Instinct
    domingo, abril 16, 2006

    LINK DA SONY, PARA TRALLER DO FILME BASIC INSTINCT 2:
    http://www.sonypictures.com/movies/basicinstinct2/

    LINK PARA TRÊS MINUTOS BASTANTE PICANTES COM LA STONE EM BASIC INSTINCT 2:
    http://www.flurl.com/uploaded/basic_instinct_2_uncensored_promo_reel_58540.html

    O NASCIMENTO DE SYGRUN

    EXISTE UM MITO INSISTENTE EM TORNO DAS LOURAS: MULHERES FATAIS E SENSUAIS. ESSE MITO, PERPETUADO POR HOLLYWOOD ATORMENTA OS HOMENS.
    FUI ATORMENTADO POR FAHA FAWCET, MADONA, DEBIE HARRY E TANTAS OUTRAS, MAS NENHUMA FOI MAIS FUNDAMENTAL EM MINHA FORMAÇÃO QUE SHARON STONE. LEMBRO DELA DO FILME VINGADOR DO FUTURO, ONDE FICAVA PUTO COM O FATO DE UMA GOSTOSA E LINDA LOURA DOURADA COMO ELA TIVESSE DE MORRER PARA CONSERVAR O ESPOSO DE UMA MORENA FEINHA.
    AÍ ME VINGUEI QUANDO VEIO INSTINTO SELVAGEM.
    MEIO MOLEQUE, ASSISTI UMAS DEZ VEZES O FILME E NAQUELE MOMENTO DEFINI UM TIPO PSICO-FISICO DE MULHER QUE DOMINARIA MINHA VIDA POR DEZ ANOS. HOJE ESTOU LIVRE. PREFIRO OUTRO TIPO DE MULHER.
    MAS NÃO ESQUEÇO AQUELA CRUZADA DE PERNAS, O BEIJO NA ROXY,

    A DANÇA DE SHeRON COM MICHAEL DOLGLAS NA IGREJA DESCONSAGRADA.
    ERA UM TEMPO DE MULHERES ARDENTES, BISSEXUAIS E UM HOMEM QUE SE DEFINIU ALÍ: MEIO GROSSO, QUE BEBE, MULHERENGO E CHEGADO NO PERIGO. ALÍ NASCEU O SYGRUN. E A CIDADE DO PECADO.

    Instinto Selvagem 2 - Basic Instinct 2: Risk Addiction (2006)

    Informações Técnicas
    Estúdio: Buena Vista International, MGM, Sony Pictures (Distribuição); C-2 Pictures, Intermedia (Produção)

    Elenco: Sharon Stone (Catherine Tramell); David Morrissey (Dr. Andrew Glass); Charlotte Rampling; David Thewlis; Stan Collymore


    Equipe Técnica: Michael Caton-Jones (Diretor); Henry Bean, Leora Barish (Roteiristas); Mario Kassar, Andy Vajna (Produtores)



    Sinopse: A loira fatal Catherine Tramell se muda para Londres e conhece um psicólogo criminal, designado pela Scotland Yard para avaliá-la.


    Estréia: 31 de Março de 2006 (EUA); 21 de Abril de 2006 (Brasil)

    A própria Sharon Stone exigiu dos produtores que Instinto Selvagem 2 apresentasse mais cenas de sexo e nudez do que o original. Em entrevista ao jornal The Mirror, a atriz contou que, depois que viu o copião do longa, sentiu falta das cenas mais picantes que filmou. “Eu perguntei, ‘onde estão todas aquelas coisas malucas que eu fiz? Por que estamos suavizando o filme?’ Eu disse, ‘vamos enlouquecer!’ Então, nós tiramos algumas coisas e grande parte da perversão e do sexo voltou. Vocês vão ver,” prometeu.

    Sharon ainda acrescentou que fez as cenas de nudez com a intenção de perturbar o público, para que elas fossem provocantes, mas ao mesmo tempo bizarras. “Eu pensei que seria intrigante fazê-las de forma que ficassem bastante insolentes. Eu quis que minha personagem fosse muito masculina – como um homem numa sauna. E eu quis que os espectadores tivessem um momento em que percebessem que ela está nua, e que é uma mulher nua de quarenta e poucos anos,” completou.

    Não é só James Bond que tem direito a carros luxuosos e modernos. Catherine Tramell também vai dirigir um veículo de primeira linha em Instinto Selvagem 2. Abaixo você confere fotos do automóvel, o C8 Laviolett, que a fabricante alemã Spyker vai fornecer para a produção. Quatro modelos serão usados nas filmagens: um será pilotado normalmente, outro será destruído, um terceiro será submerso e o último ficará de reserva. Muita ação para Sharon Stone, pelo visto. Clique nas figuras para ampliá-las.

    Instinto Selvagem 2 chega aos cinemas no final do mês.


    BASIC INSTINCT
    O diretor Paul Verhoeven (Tropas estelares) mostra a investigação do assassinato de um astro do rock, que faz com que um policial se envolva com a principal suspeita do caso. Com Michael Douglas, Sharon Stone e Jeanne Tripplehorn. Recebeu 2 indicações ao Oscar.
    Ficha TécnicaTítulo Original: Basic InstinctGênero: SuspenseTempo de Duração: 128 minutosAno de Lançamento (EUA): 1992Estúdio: TriStar Pictures / Carolco Pictures / Le Studio Canal+Distribuição: TriStar Pictures / Columbia TriStar Film Distributors InternationalDireção: Paul VerhoevenRoteiro: Joe EszterhasProdução: Alan MarshallMúsica: Jerry GoldsmithDireção de Fotografia: Jan de BontDesenho de Produção: Terence MarshDireção de Arte: Mark BillermanFigurino: Ellen MirojnickEdição: Frank J. UriosteEfeitos Especiais: Cinema Research Corporation / Dreamstate Effects / VCE ElencoMichael Douglas (Detetive Nick Curran)Sharon Stone (Catherine Tramell)George Dzundza (Gus)Jeanne Tripplehorn (Dra. Beth Garner)Denis Arndt (Tenente Walker)Leilani Sarelle (Roxy)Bruce A. Young (Andrews)Chelcie Ross (Capitão Talcott)Dorothy Malone (Hazel Dobkins)Wayne Knight (John Correli)Daniel von Bargen (Tenente Nilsen)Stephen Tobolowsky (Dr. Lamott)Benjamin Mouton (Harrigan)James Rebhorn (Dr. McElwaine)Mitch Pileggi
    SinopseEm São Francisco, o policial Nick Curran (Michael Douglas) fica fortemente atraído por Catherine Tramell (Sharon Stone), a principal suspeita de um assassinato. Apesar de ter consciência dos riscos que corre, Curran se expõe cada vez mais, mesmo quando novas mortes ocorrem.
    posted by iSygrun Woelundr @ 1:36 PM   0 comments
    JESSICA ALBA PARA MACHO II
    FILME LINDO, COM CERTEZA COM MUITO A VER COMIGO. TEM A VER NOS TONS ESCUROS DA NOITE, NOS COLORIDOS REPENTINOS, NAS MULHERES PERDIDAS E ESTONTEANTES.


    ISSO MESMO, PERDIDAS E ESTONTEANTES, SERES NOTURNOS SEM PARADA, SEM S0SSEGO, MAS QUE SE VOCE PERGUNTA, ELES DIZEM E FAZEM COISAS INCLÍVEIS.



    TERRA DE MORAL, UM FILME MORALISTA, ONDE A CRUEZA É CENA PRINCIPAL.



    DESDE O BRUTO MARV, UMA MISTURA DE BOP COM GODZILA, QUE NÃO SUPORTA VER MULHERES MALTRADAS, EMBORA A ÚNICA QUE HOUVESSE DADO PARA ELE, MESMO PAGANDO, FOSSE A GOLD ILUMINADA.



    GOLD ERA A ÚNICA COISA EM CORES QUE O GODZILA MARV ENCHERGAVA. MARV, INTERPRETADO POR MICKEY ROURK CONTRASTA MUITO COM O SEDUTOR DE 9 SEMANAS E MEIA DE AMOR (UM BRUTO MACHISTA COM CARA DE GALÃ) E O SELVAGEM DA MOTOCICLETA, FILME TAMBÉM EM PRETO E BRANCO, ONDE SÓ OS PEIXINHOS ERAM COLORIDOS.



    A IDENTIFICAÇÃO MAIOR QUE TENHO É COM O POLICIAL HONESTO HARTIGAN, QUE JOGA TUDO PARA O ALTO NA MISSÃO DE PROTEGER OS INOCENTES: CRIANÇAS, MULHERES.



    COM POUCAS CHANCES DE VITÓRIA ELE PARTE RUMO A SEU DESTINO, COMO UM VIKING MODERNO E VELHO, QUE A DESPEITO DO PROBLEMA DE CORAÇÃO, SURRA HOMENS MAIORES (A RAZÃO NOS DÁ FORÇA) E RECEBE EM PREMIO MERECIDO OS BEIJOS APAIXONADOS DA MAIS LINDA MULHER DO FILME: NANSY, JESSICA ALBA. LOIRA E LINDA, NUM BALANÇAR DE QUADRIZ E SORRIZOS QUE PROMETEM LHE ABRIR UMA CARREIRA PROMISSORA COMO A MULHER DA HORA!
    HARTIGAN, NADA MAIS É QUE UMA REENCARNAÇÃO DE BATMAN CAVALEIRO DAS TREVAS, UMA REENCARNAÇÃO REALISTA DO MITO DO HOMEM MORCEGO, QUE NÃO CONSEGUE ABANDONAR A BUSCA PELA JUSTIÇA.......



    A TERCEIRA HISTÓRIA, MUITO MENOS INTERESSANTE, É DE UM HOMEM ENTRE A FÚRIA BOP DE MARV E O MESSIANISMO DE HATIGAN.



    O TERCEIRO HOMEM É MAIS EQUILIBRADO, MENOS INTERESSANTE, E SUAS MULHERES MENOS LUMINOSAS E IMPROVÁVEIS. É QUASE O HOMEM COMUM.



    NO FINAL DE TUDO. UM FILME SOBRE PROSTITUTAS, CAFETÕES E UNS TRÊS GRANDES HOMENS PERDIDOS NUM MAR DE SANGUE...........TEATRO ORION OU CENTRÃO DE SÃO PAULO PURO!
    posted by iSygrun Woelundr @ 1:29 PM   0 comments
    Don Juan de Marco
    quarta-feira, abril 12, 2006


    Filme escrito e dirigido por Jeremy Leven
    Interpretação simbólica por Walter Boech

    Don Juan é personagem fictício, geralmente tido como símbolo da libertinagem. Originado no folclore, adquiriu forma literária no romance do sec. XVII El Burlador de Sevilla (1630), atribuído ao dramaturgo espanhol Tirso de Molina. Posteriormente, tornou-se o herói-vilão de romances, peças teatrais e poemas; sua lenda adquiriu popularidade permanente através da ópera de Mozart Don Giovannni (1787).
    A estória conta como no ápice de sua carreira licenciosa, Don Juan seduz uma mulher de nobre família e mata seu pai. Mais tarde, vendo uma estátua de pedra no túmulo do comendador, pai de sua ex-amante, convida-a a jantar com ele, de forma irônica. A estátua de pedra aparece de forma aterradora ao jantar do conquistador, que não se arrepende de seus atos anteriores e é levado à danação eterna em meio a chamas e grande estrondo.
    Através da estória de Tirso de Molina, Don Juan tornou-se um protótipo universal, como Don Quixote, Hamlet e Fausto. Outras versões do original de Tirso de Molina apresentam variações; assim El Convidado de Piedra de Antonio de Zamora, popular no sec. XVIII, reduz a catástrofe final do drama de Molina.
    Algumas versões não-espanholas também se tornaram bastantes conhecidas, como o drama de Molière Le Festin de Pierre, o poema satírico de Byron Don Juan e o drama de Bernard Shaw Man and Superman.
    Este aparecimento contínuo da temática de Don Juan, tema central do filme de Jeremy Leven, e seu repetido sucesso em literatura, teatro e ópera em diversas línguas apontam para sua importância psicológica. Sua repetida emergência nas artes e posteriormente na psicanálise- a conhecida problemática do donjuanismo que chamou a atenção de Freud- apontam para o fato de que Don Juan é uma figura mitológica, arquetípica, um arquétipo cultural do inconsciente coletivo a ser considerado.
    Qualquer forma de arte, assim como os mitos, são veículos para a expressão do inconsciente coletivo, e seus conteúdos, os arquétipos, como so definiu Jung. As múltiplas variações literárias de Don Juan, a partir da versão mais antiga de Molina, apontam para uma necessidade, quase uma urgência, de expressão dessa curiosa figura, ao mesmo tempo sedutora e perigosa.
    Consideramos esta necessidade de expressão na figura mitológica como uma elaboração a nível cultural de uma problemática essencialmente humana, arquetípica. Seguindo Lévi-Strauss, podemos considerar o mito como a totalidade de todas as suas variantes, já que todas as variantes do mito são importantes. O filme de Jeremy Leven pode ser encarado como mais uma variação do mito original de Don Juan, reatualizado e adaptado a circunstâncias atuais.
    É interessante lembrar que em certos trechos do filme diversas versões do mito de Don Juan são lembradas, como que para assinalar sua importância cultural. Assim, quando o psiquiatra visita a casa de seu paciente, encontra duas versões da saga de Don Juan, El Burlador de Sevilla, de Molina e Don Juan, de Byron. Em casa, o terapeuta, que normalmente detesta ópera, escuta o Don Giovanni, de Mozart.
    No tocante ao mito original de Don Juan, sua estória nos fala de sua virilidade e compulsão sexual não controlada. O assassinato do pai de uma de suas amantes, trazem a idéia de que há uma incompatibilidade entre o complexo juvenil e o arquétipo do pai, princípio da lei e da ordem. Jung denominou essa figura arquetípica presente em diversos mitos e na literatura de puer aeternus,- eterna criança- seguindo Ovídio, que em sua obra Metamorfoses, assim chamou o menino Cupido, filho de Vênus, portador da aljava de flechas do amor, um puer aeternus avant la lettre. (Aliás, no filme, a ilha de Eros -ou Cupido- ocupa lugar de destaque).
    O homem identificado com o arquétipo do puer aeternus tem uma incapacidade de integrar o princípio do pai, tão necessário para o desenvolvimento da consciência. Daí o arquétipo do pai aparecer petrificado como estátua de pedra. A petrificação do pai indica a impossibilidade da vitalização do ego por seus conteúdos estruturantes, pertinentes à ética, moral e limites do possível. A condenação final de Don Juan na estória de Molina aponta para o desfecho trágico, uma psicopatia ou neurose grave sem resolução.
    O filme de Jeremy Leven, entretanto trás uma inversão importante em relação ao mito original; agora é Don Juan o portador da renovação e não o seu oposto arquetípico, o arquétipo do pai. Agora, é enfatizada a renovação que o paciente que se julga Don Juan produz em um psiquiatra prestes a se aposentar, distante de sua mulher e de uma vida amorosa criativa.
    Na verdade, o filme aponta para uma dialética em termos ideais dos dois princípios, a criança Don Juan e o pai- terapeuta. O paciente tem uma estória pessoal estéril e sofrida. Nasceu filho de um pai pouco presente e em nada significativo. A mãe teve inúmeros envolvimentos amorosos extra-conjugais; quando o paciente tinha 16 anos, o pai veio a morrer atropelado por automóvel. Sua mãe, possuída pelo remorso, interna-se em um convento em uma pequena cidade do México.
    Esta história pessoal surge no fim do filme, quando o paciente finalmente discorre, em perfeito contato com o mundo concreto, sua vida. Preferimos a expressão “mundo concreto”, em vez de realidade, pois toda a narrativa mitológica de identificação com El Burlador de Sevilla é real, na medida mesma em que é psicológica. Esse in Anima, é o moto de Jung, que significa que a realidade da piquê é tão realidade quanto a realidade do mundo concreto, e não menos importante que esta última.
    No caso, as imagens simbólicas estruturadas pelo paciente, têm uma função organizadora sobre seu psiquismo, e não desorganizadora. É um quadro histérico típico, podemos dizer. Sim, é verdade, apenas para nos orientarmos de forma psicodinâmica, dentro de um diagnóstico sindrômico, o qual nos protegeria do erro fundamental de querer medicar o paciente com drogas anti-psicóticas como se ele estivesse em surto psicótico, como ocorre no filme.
    A realidade da alma do paciente é Don Juan, e muito mais tolerável do que a realidade externa, estéril e sofrida. Mas percebemos também que a realidade do psiquiatra não é saudável, por sua parte. Nesta variação mitológica, o puer aeternus interage com seu oposto, o senex, o pai, que como todo símbolo, é pleno de ambigüidade: dá a noção da realidade e de limites, mas também representa a senilitude, a decadência e a monotonia da repetição. O senex personifica o próprio pai Saturno, que devora seus filhos logo após nascerem, impedindo a renovação. A dualidade puer et senex se estrutura no filme com clareza.
    Neste aspecto, a escolha de atores não poderia ter sido melhor. Marlon Brando tem, pelo menos à época desse trabalho, o perfeito phisique du rôle. O corpo enorme, com uma obesidade que se destaca desde sua primeira aparição, contrasta perfeitamente com o corpo leve, dançarino e esbelto do Johnny Depp. O peso do saturnino senex em contraste com a leveza mercurial do puer.
    Fica claro, logo que penetramos na intimidade da vida do psiquiatra, que ele necessita da leveza de seu paciente. Mercúrio é leve demais, plaina no alto de edifícios e pode se suicidar, mesmo que essa tentativa de autodestruição seja muito mais teatral que verdadeira. Saturno, cujo metal é o chumbo, afunda-se em sua melancólica aposentadoria. Suas defesas obsessivas pelo trabalho não serão mais possíveis, ele precisa agora confrontar suas fraquezas conjugais.
    A alquimia do chumbo em conjunção com o mercúrio, levando ao equilíbrio, é por demais artificial, é quase como se fora a fabricação da pedra filosofal por algum alquimista. Podemos vê-la como uma metáfora, e toda metáfora admite uma leitura em vários níveis.
    A grande terapia do paciente identificado com o arquétipo de Don Juan não é nenhuma medicação anti-psicótica possível, mas a transferência, o importante fator de transformação. A transferência, em sentido amplo, no qual o analista também transfere, e não apenas contra-transfere. Jung, já apontara na década de ’40 que analista e analisando são como duas substâncias químicas que interagem; isto é, o analista também transfere, e transforma-se mesmo no processo terapêutico em que há transmutação psíquica em profundidade.
    Se o mercúrio é leve demais, e precisa do peso e a limitação do chumbo terapêutico, também este último necessita da imaginação mercurial em seu processo existencial. O analista de Jeremy Leven é ajudado por seu paciente.
    Este processo alquímico refere-se a processos ainda mais profundos do aqueles que Money-Kirley quis enfatizar com seu conceito de contra-transferência normal, avançando a noção mais clássica de Freud de que a contra-transferência seria sempre indesejável.
    Vários símbolos importantes perpassam o filme e têm importância para uma interpretação simbólica. Em primeiro lugar, a máscara.
    O paciente passou a usar estranho traje do tipo espanhol com máscara. Relata ter passado a usar máscara aos 16 anos quando se afastou de sua mãe, a quem denomina D. Inez. Fala com curioso sotaque espanholado. A máscara aparece ainda em fotos de uma mulher de revista pornográfica por quem o paciente se sentira atraído e o rejeitara, quando esse lhe telefona.


    Posteriormente, quando em seu riquíssimo mundo de fantasia, Don Juan torna-se náufrago, encontra a mulher de seus sonhos em uma ilha deserta. Ao lhe contar todas as suas conquistas, perde seu amor, a mulher desejada foge dele. Desde então, Don Juan promete nunca mais retirar a máscara, pela perda do objeto amado.
    Em todas estas situações a máscara representa o objeto de desejo perdido; ocorre uma identificação com o objeto sexual desejado. Representa portanto uma situação de perversão e fetichismo; uma estruturação perversa de suas defesas psíquicas.
    Quando Don Juan é enviado para Cadiz por sua mãe, logo após esta abraçar a vida religiosa, o navio o leva para um sultanato como escravo. Neste local, veste-se como mulher para ser amante da rainha, além de conviver no harém com inúmeras outras mulheres, em experiência sexual contínua.
    O próprio sultão acaba por escolhê-lo como futura companheira, em sua forma transvestida. Aqui o transvestismo, donjuanismo e homossexualismo são mencionados de forma bastante explícita e interconectados. Estas vivências representam uma profusão de figuras femininas no inconsciente, que invadem mesmo a consciência, levando a uma identificação com o objeto (transvestismo e perversão).
    Perdido o objeto de desejo, quando Don Juan é obrigado a partir de navio, sob ameaça de morte, novamente veste a máscara. Isto é, a máscara aparece em Don Juan sempre que o objeto desejado é perdido.
    A máscara aparece em outro contexto quando o paciente diz ao Dr. Mickler que este necessitava de seu mundo imaginal, e pergunta se seu verdadeiro nome não é Don Octavio de Flores, o nome fictício que o terapeuta usara na abordagem inicial de seu paciente. Dr. Mickler responde que seu nome é Don Octávio de Flores e que Don Juan penetrara na sua verdadeira identidade, retirando todas as suas máscaras.
    Fica claro que o símbolo da máscara adquire um significado inteiramente diferente quando se refere ao psiquiatra. Em Don Juan é um símbolo de sua intensa e exagerada relação com o inconsciente, a mulher mascarada da revista pornográfica simboliza o inconsciente deste paciente, seria o que Jung denominaria figura de anima, quando o paciente usa máscaras ele está sempre se identificando com sua anima, ou seu inconsciente.

    Quando o dr. Mickler fala que suas máscaras foram retiradas, refere-se a uma identificação com sua persona profissional de psiquiatra que já pesa demais, já empecilho para um encontro criativo com sua vida amorosa e com sua identidade.
    A persona, segundo Jung, é a máscara de adaptação social, necessária ao indivíduo, desde que ele não se identifique com ela. Dr. Mickler aprende com seu paciente a se desidentificar com sua persona ou prósopon, a máscara teatral do ator grego antigo. A máscara é necessária, mas pode também sufocar.
    Percebemos, portanto, no simbolismo antitético da máscara, a polaridade dos personagens terapeuta e paciente, que proporciona o dinamismo de transferência e contra-transferência extremamente complementar.
    Na verdade o filme, como já referimos, uma nova variação mitológica da saga de Don Juan, aponta para estes dois pares arquetípicos do inconsciente coletivo, a díada puer-et-senex, que estão presentes no mundus imaginalis de todos nós.

    Demetrius Abba
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    posted by iSygrun Woelundr @ 7:45 AM   0 comments
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